BMG 3T22: mais avanços, mas com pouco impacto
O Banco BMG entregou no 3T22 um resultado que consideramos neutro, com lucro líquido recorrente de R$ 53 milhões (+2% t/t e 6% a/a), equivalente a um ROAE de 5,7%, desfavorecido pela escalada da PCLD, e das menores receitas financeiras, tendo como contraponto positivo o recuo das despesas operacionais.
Momento. O Banco BMG permanece avançando em diversas iniciativas estruturantes, sem perder o foco no seu carro-chefe, o crédito consignado. Se no 2T vimos esta linha saltar com a inclusão do benefício LOAS, no 3T foi a vez do lançamento do cartão consignado de benefícios, conveniado com o INSS, estados e municípios, que permitiu ao BMG expandir a carteira em mais 914 milhões com a emissão de mais de 500 mil cartões. Com isso, a carteira de crédito encontrou fôlego para crescer mais de 10% no trimestre, e mais de 50% no comparativo anual – muito acima do mercado. Apesar disso, o resultado de intermediação financeira permanece pressionado (-0,9% t/t e 5,7% a/a), por conta principalmente da disparada do custo de captação, que acompanhou a escalada dos juros, e, adicionalmente, no 3T, do descasamento temporário entre o IPCA e o ativo e passivo do banco.
Perspectivas. O BMG Não é um banco que encolhe – pelo contrário, cresce em inúmeras frentes e sob diversas métricas operacionais. Porém, em nossa opinião, seria um case mais atraente se verificada mais desenvoltura na conversão desse crescimento em rentabilidade e eficiência operacional, a exemplo de outros pares. Imaginamos que tal melhora deva se concretizar caso o BMG consiga: i) melhorar margem, algo que vislumbramos ser mais viável através da redução do custo de captação, ou seja, declínio da taxa de juros; ii) reduzir despesas operacionais relacionadas às ações cíveis massificadas, que insistem, em permanecer elevadas apesar dos esforços contínuos do BMG sobre a matéria desde o final de 2019, com iniciativas como a contratação 100% digital e; iii) imprimir maiores escala e penetração dos produtos não-crédito na base, gerando volume de receitas de serviços incrementalmente maiores no mix.
Revisão de preço. Incorporamos os números do 3T22 ao valuation, e apresentamos novo preço-alvo de R$ 2,90 para o final de 2023, o que representa um potencial de valorização de 23,4% com base no preço atual. Apesar do potencial atraente, até termos mais visibilidade quanto aos pontos citados acima, mantemos nossa recomendação Neutra para as ações do Banco BMG.
Destaques do Resultado
Consideramos positivo: (i) a carteira de crédito, que expandiu em bom ritmo no trimestre (+10,5%) e no ano (+52,3%), puxada principalmente pelo crédito pessoal (+18,2% t/t e +167,7% a/a) e pelo recém inaugurado cartão benefício; (ii) as Outras Receitas e Despesas operacionais, que recuaram 5,8% no trimestre, por conta da retração das despesas de pessoal (-5,8% t/t) e Outras (-5% t/t), e avanço da Participação em Coligadas (+80% t/t).
Consideramos negativos: (i) O Resultado Intermediação financeira, que recuou 0,9% t/t; (ii) a PCLD, que escalou 11,8% t/t e 23,6% a/a, também com menor volume de recuperações de créditos (-23,3% t/t e -37,8% a/a).