EUA sobe juros e bolsa cai 2,5%, entenda

“Ao determinar o passo das altas futuras no intervalo da meta, o Comitê levará em conta o efeito cumulativo das altas da política monetária, as defasagens que a política monetária leva para afetar a atividade e a inflação, e desdobramentos econômicos e financeiros”, diz trecho do comunicado.

Explicação A

O que eles [integrantes do Fomc] querem dizer com “defasagens” é que a alta de juros de hoje não provoca efeito imediato na atividade. Ela demora alguns trimestres para fazer o efeito completo. Ou seja, o efeito total da alta que tivemos até agora só se dará no futuro, então teríamos que aguardar com parcimônia.

Embora esse argumento seja verdadeiro e válido, há também uma outra forma de enxergar.

Explicação B

Quando o BC americano começou a subir sua taxa de juros, a inflação já estava em patamares de +8%, bem acima da meta de +2%.

Assim, toda a rapidez com que a taxa subiu serviu apenas para correr atrás do longo período de juro real negativo e alcançar mal e porcamente a inflação prevista.

Portanto, o impacto na atividade ainda não foi relevante simplesmente porque ainda não chegamos a um juro real positivo. Ou seja, a taxa de juros ainda não ultrapassou a inflação ou o juro neutro, por isso ainda não vimos impacto na atividade.

Só saberemos quem está correto ao longo dos próximos meses, observando o comportamento da inflação e dos dados econômicos.

Uma coisa o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deixou claro. Em discurso após o comunicado, ele afirmou que “é muito cedo para falar em parar de subir”.

A bolsa americana reagiu mal às declarações do presidente do Fed e caiu -2,5% na sessão de ontem.

Isso porque a taxa de juros afeta negativamente a bolsa, como já percebemos aqui no Brasil.

E esse é sempre um ponto de atenção para quem carrega investimentos no exterior.

Mesmo títulos de crédito, conhecidos como Corporate Bonds, seguem com performance ruim conforme as taxas de juros seguem subindo.

A pergunta que fica é: até quando essa piora externa não vai afetar o Brasil?

Análise Marilia Fontes | Nord Research

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