Inflação: IPCA volta a subir após três meses seguidos de queda

A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,59% em outubro, após deflação de 0,29% em setembro. O resultado ficou marginalmente acima da estimativa da mediana do mercado, segundo dados da Bloomberg, que apontava variação de +0,49% no mês. No ano, a inflação acumulada é de 4,70% e, nos últimos 12 meses, de 6,47%, mantendo a trajetória de desaceleração ao comparar com setembro, quando acumulava alta de 7,17%.

Na análise dos componentes do IPCA, de setembro para outubro, o destaque foi para a maior pressão proveniente dos grupos de alimentação e bebidas (de -0,51% para +0,59%) e transportes (de -1,98% para +0,58%). Cabe destacar que a aceleração no grupo de transportes se deu, em especial, pelo recuo menos intenso no preço dos combustíveis (de -8,50% para -1,27%) e pelo aumento substancial de 27,38% no preço das passagens aéreas. Já no grupo de alimentação e bebidas, a contribuição mais forte ficou por conta do avanço do preço de produtos in natura para consumo no domicílio, tal como o tomate e a batata inglesa.

No recorte regional, das 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, todas registraram inflação na passagem de setembro para outubro, com a maior alta sendo percebida na região metropolitana de Recife (PE) (0,95%), pressionada pelo aumento no valor do transporte público, em especial de passagem aérea (47,37%). Do outro lado do espectro, Curitiba (PR) foi a localidade com menor inflação (0,20%), favorecida pela queda nos preços da energia elétrica (-9,88%) e da gasolina (-2,40%). São Paulo, que apresenta o maior peso no índice entre todas as regiões pesquisadas (32,28%), registrou inflação de 0,66%, devido ao aumento em todos os grupos, à exceção de comunicação (com queda de -0,50%).

No acumulado em 12 meses, sete localidades tiveram inflação acima da média nacional. Salvador (8,21%) e Rio de Janeiro (7,62%) seguem com os maiores índices inflacionários, com aumento em oito dos nove grupos de produtos e serviços acompanhados. Porto Alegre (4,46%) continua sendo a região com a menor variação nos preços nesta base de comparação, tendo em vista a queda nos preços dos grupos de transporte e habitação.

Impacto nos cenários: em resumo, os dados de outubro parecem já sinalizar uma dissipação dos efeitos deflacionários da redução da alíquota do ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações, que foram implementadas pelo governo federal desde o mês de julho, o que deve limitar novos movimentos de retração mensal do IPCA dos últimos meses deste ano. Em termos anuais, esperamos que a cesta de preços oficial do consumidor continue cedendo no acumulado em 12 meses, fazendo com que o IPCA fique abaixo do atual patamar de 6,47% e encerre o ano acumulado em 5,7%.

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